Pode-se pressupor que grandes golpes e assaltos elaborados a cassinos são coisas de cinema, assim como os da famosa franquia Onze Homens e Um Segredo, mas a realidade está mais próxima da sétima arte do que possamos imaginar. As grandes quantias que giram nesses locais, aliadas à oportunidade de se misturar com o público em geral, e fazer com que os trapaceiros se passem facilmente por clientes comuns, tornam os cassinos um alvo frequente de golpistas. Veja a seguir uma lista de audaciosos golpes aplicados contra cassinos.
Os irmãos Roselli
Um dos golpes mais sofisticados da história dos cassinos foi aplicado pelos irmãos Roselli, como ficaram conhecidos, que no auge de sua “carreira”, chegaram a levar aproximadamente US$ 40 milhões, de cassinos localizados em diversos lugares dos Estados Unidos, sem gastar um centavo para isso.
Com a ajuda de um hacker contratado, os irmãos descobriram dados pessoais de cidadãos com uma boa linha de crédito, os quais eles usaram para abrir contas em cassinos. Eles começaram o esquema em 1995, e foram se comportando como jogadores de alto nível comuns, aumentando os créditos das dezenas de contas gradativamente, até que no ano 2000, essas contas tinham um crédito disponível de mais de US$ 1 milhão cada. Nesse ano, os irmãos fizeram milhões de dólares, fazendo apostas tão altas quanto US$ 100.000 em uma única jogada.
Os Roselli esvaziaram suas contas, e sumiram, deixando os cassinos procurando por nomes de cidadãos inocentes que tiverem seus dados roubados. Quando a polícia foi envolvida, já era tarde demais, até que eles descobrissem o esquema e chegassem ao nome “irmãos Roselli”, eles já haviam escapado há muito tempo, e ainda por cima, até o nome pelo qual eles ficaram conhecidos era falso, já que os verdadeiros irmãos Roselli já haviam falecido há alguns anos, e também tiveram sua identidades roubadas. Os autores dos crimes não foram encontrados.
Lentes de contato futuristas
Uma quadrilha composta por quatro membros ativos utilizou a tecnologia para favorecer os golpes que aplicou em cassinos de Cannes, em 2011. O esquema começava com o grupo utilizando tinta invisível (um tipo de tinta que é invisível na aplicação e que pode ser vista com equipamentos de visão infravermelha), para marcar os valores e naipes das cartas da mesa de poker, era então que outro jogador vinha à mesa, utilizando uma lente de contato com tecnologia infravermelha, comprada online, vinda da China, por 2.000 euros.
Na primeira rodada de visita aos cassinos da cidade, eles passaram despercebidos e conseguiram levar algo em torno de € 70 mil. Mas, com tanta facilidade, eles decidiram partir para a segunda rodada, e logo no retorno ao primeiro cassino, a sequencia de vitórias chamou a atenção da gerência, que munida de câmeras de alta definição, perceberam que, por vezes, mesmo com ótimas cartas, a quadrilha não fazia apostas em algumas rodadas, o que indicava que eles sabiam que iam perder.
As autoridades foram informadas, e com ajuda de escutas telefônicas, logo identificou que as cartas haviam sido marcadas, as quais eles acreditavam ser identificadas por algum tipo de câmera. Levou algum tempo para que o mecanismo verdadeiro fosse descoberto, e para isso, eles precisaram deixar os envolvidos livres, sob vigilância por mais de dois meses, até que as lentes de contato fossem detectadas. Os golpistas foram presos e sentenciados a 2-3 anos de prisão cada.
As ondas milionárias do rádio
No início dos anos 70, um funcionário que trabalhava nas roletas de um cassino francês, desenvolveu uma paixão pelo rádio amador, e começou a criar dispositivos para fazer um dinheiro em seu local de trabalho, através das frequências de rádio. O esquema consistia em um receptor de rádio e um pequeno transmissor, que através de seu dispositivo, limitava a bolinha a cair em apenas 6 casas.
Sozinho, o humilde trabalhador não conseguiria aplicar a sua trapaça, e para isso, recrutou seu irmão e sua cunhada. Ele era o responsável por colocar a bolinha em jogo, a cunhada ficava com o receptor e jogava numa mesa próxima para não levantar suspeitas, enquanto o irmão era o responsável por fazer as apostas. Em uma semana, o esquema rendeu pouco mais de US$ 1 milhão aos trapaceiros e eles continuavam sem ser detectados.
O acaso foi parte fundamental da decadência da quadrilha familiar, quando o dono do cassino reparou na linda moça que se aventurava sem muita sorte em suas roletas quase toda noite, e tentou iniciar avanços românticos para cima da “cunhada”, que prontamente o rejeitou. Agora, por motivos do destino, a moça era conhecida no cassino, e não demorou para que sua presença fosse ligada às noites de grandes perdas da casa, mesmo que indiretamente, e a polícia foi envolvida. As autoridades levaram algum tempo tentando descobrir o golpe e investigou dezenas de estratégias conhecidas, até que o gerente teve a ideia de fazer uma varredura em busca de frequências de rádio, o que desvendou o golpe. Os trapaceiros foram presos.
A complexa organização Tran
Uma operação complexa estava sendo montada, e para isso, o líder da organização, com o já suspeito nome de Pai Gow John, viajou os Estados Unidos com a missão de identificar crupiês que topariam fazer parte de um audacioso golpe. Ele conseguiu recrutar 30 crupiês e construiu uma grande organização.
O esquema rendeu ao grupo em seu ápice, aproximadamente US$ 900.000 em uma única noite, e começava com os crupiês fazendo um falso embaralhamento das cartas, que deixava as cartas exatamente na mesma ordem que já estava anteriormente, enquanto um dos jogadores da mesa acendia um cigarro, como distração para que quando ele levasse o cigarro a boca, passasse informações a outro jogador na mesma mesa através de um microfone na manga da blusa. O jogador que recebia as informações, era também instruído em como apostar através da maneira em que o cigarro era segurado.
O golpe rendeu mais de US$ 7 milhões à organização, provenientes de 20 cassinos diferentes, antes que a longa investigação que culminou em um policial infiltrado entre os golpistas, que armou uma armadilha e gravou detalhes da operação para utilizar como evidência. Em 2007, os 47 membros da organização Tran foram presos.
Reservada para jogadores VIPs
O Crown Casino, localizado às margens do Rio Yarra, em Melbourne, na Austrália, foi alvo de um grupo de criminosos em 2013. Os golpistas infiltraram uma das salas de jogos mais requintadas do estabelecimento, reservada apenas para jogadores VIPs, disponibilizando conforto e praticidade aos apostadores, além de um nível de segurança elevado, já que as apostas nessa sala eram de valores excepcionais. E era com o moderno sistema de segurança com que o grupo contava para realizar sua trapaça, já que havia câmeras de alta definição monitorando os jogadores de todos os ângulos possíveis. Os criminosos invadiram o sistema e monitoraram cada movimento, cada carta, e transmitiam todas as informações ao apostador, que levou US$ 32 milhões. Inicialmente, o grupo escapou, mas o alto valor chamou a atenção do cassino, que abriu uma investigação e descobriu o acesso não permitido às câmeras da sala VIP, passando as evidências às autoridades. O grupo foi preso poucos dias após o golpe digno de cinema, que poderia muito bem ter saído da franquia Onze Homens e Um Segredo.
